O mito surge a partir da necessidade de explicação sobre a origem e a forma das coisas, suas funções e finalidade, os poderes do divino sobre a natureza e os homens. Ele vem em forma de narrativa, criada por um narrador que possua credibilidade diante da sociedade, poder de liderança e domínio da linguagem convincente, e que, acima de tudo, “jogue para a boca do mito” o que gostaria de impor, mas adequando a estrutura do mito de uma forma que tranquilize os ânimos e responda às necessidades do coletivo.
Mas de onde eles vieram? Houve alguma inspiração para a existência deles? Qual?
Ao longo do tempo muitos filósofos tem tentado entender a origem das lendas e há quatro teorias que tenta dar uma resposta.
Teoria Bíblica: De acordo com esta teoria, todas as lendas mitológicas têm sua origem nas narrativas das Escrituras, embora os fatos tenham sido distorcidos e alterados; porém a verdade é que cada povo ou geração tem a sua lenda. Assim, Deucalião é apenas um outro nome de Noé, Hercules de Sansão, Áriom de Jonas, etc.
Sir Walter, em sua História do Mundo, diz: Jubal Tubal e Tubal Caim são Mercúrio, Vulcano e Apolo, inventores do Pastoreio, da Fundição e da Musica. O Dragão que guarda os pomos de ouro, era a serpente que enganou Eva. A torre de Nemrod foi a tentativa dos gigantes contra o Céu. Há sem dúvida, muitas coincidências curiosas como estas, mas a teoria não pode ser exagerada até o ponto de explicar a maior parte das lendas, sem cair no contra-senso. Apesar de tudo, se analisarmos tal teoria podemos ver que ela se mostra não necessariamente contraditória, mas sim reversa, pois muitos dos mitos são anteriores à Biblia, sendo assim seriam as Escrituras que teriam sua origem em mitos mais antigos.
Teoria Histórica: Por essa teoria, todas as personagens mencionadas na mitologia foram seres humanos reais e as lendas e tradições fabulosas à elas relativas são apenas acréscimos e embelezamento, surgido em épocas posteriores. Assim a história de Éolo, deus dos ventos, teria surgido do fato de Éolo ser o governante de alguma ilha do Mar Tirreno, onde reinou com justiça e piedade e ensinou aos nativos o uso da navegação à vela e como predizer, pelos sinais atmosféricos, as mudanças do tempo e dos ventos. Cadmo, que segundo a lenda, semeou a terra com dentes de dragão, dos quais nasceu uma safra de homens armados, foi na realidade um emigrante vindo da Fenícia, que levou à Grécia o conhecimento das letras do alfabeto, ensinando-o aos naturais daquele país. Desses conhecimentos rudimentares nasceu a civilização da qual os poetas se mostraram sempre inclinados a apresentar como a decadência do estado primitivo do homem, a Idade do Ouro em que imperavam a inocência e a simplicidade.
Teoria Alegórica: Segundo essa teoria, todos os mitos da antiguidade eram alegóricos e simbólicos, contendo alguma verdade moral, filosófica, ou algum fato histórico, sob a forma de alegoria, passaram a ser entendidos literalmente. Assim Saturno que devora os próprios filhos, é a mesma Divindade que os gregos chamavam de Cronos, que pode-se dizer, na verdade destrói tudo que ele próprio cria.
Teoria Física: Para esta teoria, os elementos ar, fogo e água, originalmente objeto de adoração religiosa, sendo as principais divindades personificadas nas forças da natureza. Foi fácil a transição da personificação dos elementos para a idéia de seres sobrenaturais, dirigindo e governando os diferentes objetos da natureza. Os gregos acreditavam que toda a natureza era povoada por seres invisíveis, e que todos os objetos, desde o Sol e o Mar até a menor fonte ou riacho, estavam entregues aos cuidados de alguma divindade e atributos particulares.
Essas quatro teorias possuem fundamentos, e elas não se excluem, na verdade se completam, pois onde uma não pode explicar a outra pode. Na teoria bíblica vemos idéia de lendas e personagens que “viajam” de uma mitologia para outra. Enquanto que na teoria histórica temos a adoração sobre nossos antepassados visto como heróis e por sua vez divinizados. Na teoria Alegórica percebemos a psique humana que mostra o coletivo de nossos sonhos e medos transformados em mitos. E por fim a teoria física nada mais é do que a divinização da natureza, muito comum em sociedades animistas e primitivas.
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